Douro Arrebatador
Pedro Lampreia L
  1. Rota do Românico

     

    Mais uma das pérolas do Douro

    A Rota do Românico é um percurso por 58 monumentos localizados no norte de Portugal, junto aos rios Sousa, Douro e Tâmega.

     

     

    Inclui mosteiros, igrejas e memoriais, pontes, castelos e torres que comungam  da arquitetura românica tão caraterística desta região.

     

    No seu conjunto, estão no centro de um triângulo muito interessante, cujos vértices acabam por ser locais classificados como Património da Humanidade: o Porto, a cidade berço - Guimarães e o magnífico Vale do Douro.

     

    A Rota do Românico divide-se na realidade em 3 rotas que se ligam entre si por estrada, seguindo os vales de 3 rios: 

    • Rota do Vale do Sousa com 19 monumentos; 

    • Rota do Vale do Tâmega com 25 monumentos;

    • Rota do Vale do Douro, entre Castelo de Paiva e Resende, com 14 monumentos.

     

    Arte românica é o estilo artístico vigente na Europa entre os séculos XI e XIII, durante o período da história da arte comumente conhecido como "românico".[1] O estilo é visto principalmente nas igrejas católicas construídas após a expansão do cristianismo pela Europa, e foi o primeiro depois da queda do Império Romano a apresentar características comuns em várias regiões.

     

    Nas palavras de Matthew Johnson, "a maneira mais simples de se caracterizar o românico é entender que ele representa a Igreja sob assédio, a Igreja Militante. As igrejas românicas, escuras e com paredes grossas, representam uma espécie de fortaleza, uma fortaleza contra os inimigos da cristandade ocidental no início da Idade Média — os vikings, os muçulmanos, os lombardos e os saxões. [...] Foi uma resposta para o mundo do início da Idade Média e uma luta para reconstituir a civilização em meio ao caos pós-romano. [...] O românico representa a habilidade de muitas personalidades poderosas atuantes no seio da internacionalmente respeitada instituição da Igreja de Roma para revitalizar o comércio, a moeda, a literatura, e do próprio Império para proteger esse esforço em face de violenta oposição vinda de todos os cantos, passando pelos vikings e os hunos até os muçulmanos na Espanha.

     

    A arte românica é essencialmente figurativa, mas o naturalismo é quase de todo ausente, sendo adotada uma abordagem principalmente simbólica para a representação, onde o conteúdo de significado assume a primazia sobre a representação imitativa da natureza. São comuns elementos baseados em formas geometrizadas ou esquemáticas e relações matemáticas associadas com significados transcendentes.

     

     

    O pensamento simbólico em parte também explica a pouca preocupação com uma imitação fiel da natureza, e a liberdade em relação à imitação possibilitou o desenvolvimento de uma grande variedade de formulações estéticas para a representação do corpo humano, dos animais e plantas e da paisagem. Havia uma percepção do Belo, mas ela estava direcionada principalmente para a beleza moral e espiritual. Neste contexto, os monstros e seres fantásticos, tão presentes na arte românica — os quais se acreditava serem reais — incluindo dentro do recinto sagrado das igrejas e mosteiros, se justificavam primeiro como manifestações do maravilhoso e do surpreendente na obra divina da Criação, mas acima de tudo como alegorias de vícios e virtudes ou como contrastes necessários para o realce do Belo e do Bem.

     

     

    Apesar das incertezas que subsistem na compreensão da arte do período, ela sem dúvida deve ter sido um meio eficiente de educar o povo inculto. Seu simbolismo devia ser uma linguagem acessível a todos, e sua expressividade — acentuada pelas cores vivas, contrastantes e antinaturais tão apreciadas na época, aplicadas também sobre as esculturas arquiteturais (hoje descoloridas pelos desgastes do tempo) — amplificava o impacto emocional sobre o público e remetia para o mundo sobrenatural.

     

    A pedra foi empregada na construção e o telhado de madeira foi trocado por abóbadas de berço e de aresta, mais condizentes com uma igreja que representa a "fortaleza de Deus". Construções sólidas, paredes grossas, com contrafortes ao estilo de fortificações, com recurso a ameias; janelas pequenas, produzindo interiores escuros; uso de arcos redondos ou abóbadas perfeitas (também designadas abóbadas de berço); uso de plantas derivadas do modelo da basílica de origem romana, geralmente com três naves (central e duas laterais mais escritas). As edificações são desenhadas com um novo senso de ordem, ritmo e clareza, sujeitando todos os elementos a um único princípio norteador e estruturante.

     

     

    Os conjuntos eclesiásticos seguem, geralmente, a planta basilical, com uma, três ou cinco naves (geralmente três), colunas que sustentavam as abóbadas e um aspecto maciço. As janelas são pequenas porque as paredes servem como estrutura e suportam todo o peso do teto. Haverá grande decoração, externa e internamente, através de esculturas nos tímpanos nas portas de entrada e nos capitéis e colunas, e pintura parietal nas ábsides e abóbadas das naves.[16]

     

    As igrejas de peregrinação surgiram neste período. Ficavam no caminho para locais sagrados, como Santiago de Compostela, Roma e Jerusalém, mantinham hospedarias que serviam de apoio e pouso para os peregrinos, além de oferecerem como atrativos as relíquias, objetos supostamente pertencentes a Jesus Cristo, a Maria e aos santos. Fomentaram o crescimento de importantes cidades em seu redor. Essas igrejas deviam ser amplas o bastante para receber a massa de peregrinos. Seguiam a planta em forma de cruz latina, com um transepto grande e uma nave longa, geralmente subdividida em uma nave central e duas ou quatro naves laterais, que se prolongavam e passavam por detrás da ábside, formando o deambulatório. Do deambulatório saiam as capelas radiantes, ou absidíolas. Esse esquema favorecia a circulação dos fiéis no interior segundo um roteiro programático.