BeBright@BRAGA Livro/ Guia Vivo da Cidade Edição Portuguesa
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  1. Domus das Frigideiras do Cantinho

     

    Nas Frigideiras do Cantinho, um dos estabelecimentos mais antigos e conceituados da cidade, é possível encontrar também estruturas que terão pertencido a uma domus. Sob o chão envidraçado deste café, pode ver-se um corredor de distribuição a outros compartimentos e os restos de um hipocausto, um sistema que seria certamente usado para aquecer a água do balneário privado da casa.

     

    Fundada nos finais do séc. XVIII, em 1796, é hoje o estabelecimento de restauração mais antigo da cidade. Criado para a confecção e comercialização das famosas “Frigideiras”, permanece o único baluarte desta deliciosa iguaria regional, que ainda hoje é confeccionada de acordo com a receita de antigamente. Um tratado de gastronomia artesanal que a casa se orgulha de manter viva, para delícia de todos os visitantes, os de agora e os de outrora, como os ilustres Júlio Dinis e Camilo Castelo-Branco, reputados escritores portugueses que decidiram eternizar o delícioso pastel nas páginas dos seus livros. Em 1997, aquando de uma obra para remodelação do estabelecimento, o destino entendeu reforçar o estatuto histórico ímpar desta casa, unindo o séc. XVIII à época romana, da qual restam as ruínas de uma Domus, que descansam hoje por baixo de onde servimos os nossos clientes, que as podem ver e admirar através da estrutura em vidro construída para o efeito. Em 2000, ano em que se comemorou o Bimilenário da cidade de Braga, as Frigideiras do Cantinho entenderam assinalar a data e honrar parte da sua herança com o lançamento do “Bolo Romano”, produto único e exclusivo da casa, adaptado de um antigo tratado gastronómico da autoria de Marco Gavius Apício, famoso escritor e gastrónomo do séc I d.C. Tendo construído a sua reputação de tradição e qualidade ao longo de mais de 220 anos que atravessaram eras e séculos distintos, o mundo e a sociedade mudaram muito, mas não o compromisso da casa em honrar as receitas do passado que deleitaram gerações atrás de gerações. O que seria das frigideiras, dos sameirinhos, das tíbias ou dos doces conventuais, o que seria da identididade cultural de cada povo e região, se as melhores heranças do passado não fossem preservadas?